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Thursday, June 01, 2006

Couro de Peixe - Artesanato

Artesãos do Mato Grosso do Sul estão descobrindo uma nova matéria-prima para suas obras. É o couro de peixe, que depois de confeccionado como bolsas, cintos e outros artigos, vale o dobro do preço extraído do boi. O couro transforma-se também em arcos e presilhas para cabelo, agendas e outras peças para vestuário. Em fevereiro deste ano, 12 artesãos do município de Coxim viajaram a Dourados para treinar as práticas com o produto e estabelecer parcerias. Os artesãos formaram a Arpeixe – Associação Reciclando Peixe – ainda em fase de estruturação. Durante a viagem, foi assinado um contrato com piscicultores do município, que comprometeram-se a vender, por mês, 50 kg de pele de peixe aos artesãos, ao preço de R$ 4 o quilo. A idéia da fundação da Arpeixe nasceu em setembro do ano passado, em curso oferecido especialmente às mulheres de pescadores das regiões ribeirinhas. “Para montar a associação, precisávamos de uma máquina específica para o trabalho com peixe. Quando conseguimos a doação deste equipamento, começamos os trabalhos para a fundação”, explica Aparecida Chaparro, atual presidente da Arpeixe e funcionária-pública – uma das poucas mulheres do curso que não pertence à população ribeirinha. Em breve, a entidade deverá ter estatuto próprio e uma eleição oficial para a presidência. Por enquanto, os associados trabalham apenas com o couro de peixe, mas pretendem estender o projeto à carne, cartilagem, ossos e escamas do pescado. “Não estamos dando conta de produzir todas as peças solicitadas”, conta Aparecida, sobre o grande número de pedidos. Segundo ela, o trabalho com artesanato vai ajudar, especialmente, durante o período da piracema, já que muitos pescadores ficam sem função nesta época. Os trabalhos da Arpeixe já foram expostos em feiras e, atualmente, a associação trabalha em parceria com confecções da capital Campo Grande no fornecimento de mantas de pele de peixe utilizadas para a confecção de roupas. Para Aparecida, presidente da entidade, o fornecimento da matéria-prima deve impulsionar cada vez mais as atividades desenvolvidas. “É importante que todos nós continuemos empolgados com o trabalho que estamos fazendo”.
Projeto Reciclando Peixe – Outros municípios que trabalham com o reaproveitamento de couro de peixe são Corumbá, Miranda e Aquidauana. Todas estas localidades foram abrangidas pelo projeto Reciclando Peixe, coordenado e idealizado por Marlene Barbosa Mendonça em 1998. Por ser filha de pescadores, Marlene viu no projeto a chance de promover não apenas uma nova fonte de renda às populações ribeirinhas, mas um reforço na auto-estima de mulheres marginalizadas pelo mercado de trabalho. “É um projeto social que foi desenvolvido para atender a famílias de pescadores, servindo de complemento à renda familiar”, diz. Os primeiros contatos não foram fáceis. “É preciso primeiro conquistá-las para levá-las ao projeto. Foi necessário mostrar as coisas feitas, tentar convencê-las do potencial que elas poderiam ter e evidenciar que nós apostávamos na capacidade de cada uma”, relata Marlene.O começo do trabalho aconteceu com beneficamento da carne de pescados. “Trabalhávamos com um peixe de segunda, cheio de espinhos. Fizemos então uma agregação de valor a esse produto”, lembra a coordenadora. Depois, foi a vez do tratamento e aproveitamento do couro deste pescado. “Sempre tivemos cuidado ambiental, por estarmos dentro do Pantanal, com o uso de extratos vegetais e óleos naturais para dar maciez ao couro”, diz. O material deverá passar também por tingimentos naturais com plantas da região, como urucum, e frutas, como genipapo e caju. Até a costura dos objetos será feita de maneira ecológica, com palhas de buritis. Na terceira fase desse projeto estará o aproveitamento dos ossos de peixe para a fabricação de bijuterias. “Fazemos o reaproveitamento do que era jogado fora e recuperamos esse material com um valor muito maior”, conta Marlene. A matéria-prima leva vantagem se comparada ao couro bovino. A pele, considerada exótica, custa cerca de R$ 450 o metro quadrado, contra os R$ 250 do couro bovino.

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